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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ophiuchus ( Ofiúco ) ( Serpentário )




Dados da constelação:
Abreviatura oficial:  Oph
Genitivo usado para formar o nome das estrelas:  Ophiuchi
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes:  58°N – 75°S 
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes:  90
°N 59°N / 75°S 90°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite:  11 Jun


Ofiúco pode não ser uma constelação muito óbvia para o principiante porque, apesar de conter estrelas relativamente brilhantes, estas estão bastante separadas umas das outras, tornando o desenho da figura algo difícil de reconhecer para quem não esteja habituado a procurar as constelações no céu. Localize-se entre as 3 estrelas mais óbvias das constelações vizinhas: Escorpião, Boötes e Águia.


É uma das constelações mais antigas do céu - presente na cultura de vários povos ancestrais - representando um homem que segura uma grande cobra e a única, de entre todas as 88 oficializadas, cujo desenho se sobrepõe ao de outra. A figura do homem constitui a constelação de Ofiúco, enquanto a Serpente que ele segura ( algumas culturas viam-na enroscada nas suas pernas ) representa uma outra, independente - a constelação da Serpente. A imagem de Ofiúco " corta " a constelação da Serpente em duas partes: Serpens Cauda ( a cauda da Serpente ) e Serpens Caput ( a cabeça da Serpente ). A área que sobrepõe a Serpente a Ofiúco, pertence à constelação de Ofiúco.
Segundo a lenda mais célebre, repleta de variantes, representa Asclépio, filho de Apolo com a mortal Corónis. Corónis comete uma infidelidade enquanto grávida de Asclépio, acabando por morrer vítima da sede de vingança de Apolo, que salva Asclépio do útero da mãe, entregando-o a Quíron, líder dos Centauros, para que lhe ensinasse as artes mais nobres. Asclépio torna-se num médico de perícia inigualável, capaz inclusive de ressuscitar os mortais. Não podendo permitir tal coisa, Zeus mata-o com um dos seus relâmpagos, provocando a ira de Apolo contra o líder dos deuses do Olimpo. Tenta então vingar-se de Zeus, matando os Ciclopes que fabricavam os seus relâmpagos e, por castigo, Zeus coloca a figura de Asclépio no céu, para que Apolo sinta a dor de ver a figura do filho e, simultaneamente, seja recordado de que não mais poderá trazê-lo ao mundo dos vivos...e mortais. Uma variante da lenda refere que, ao contrário da versão apresentada anteriormente, a colocação da figura de Asclépio no céu pretenderia consolar Apolo na sua dor.
Na verdade, o mito associado a esta constelação foi alvo vários autores clássicos, acabando por apresentar imensas interpretações e histórias com contornos e personagens diversas. De entre todas, para além da que foi apresentada no parágrafo anterior, duas outras costumam ser referidas com maior frequência:
- Ofiúco é por vezes identificado com o mítico Laocoonte, um sacerdote de Tróia que avisou o seu povo contra o engodo que poderia representar o Cavalo de Tróia. Laocoonte teria sido silenciado por Posídon, que favorecia os Gregos contra os Troianos, enviando duas serpentes marinhas para sufocarem até à morte o sacerdote e seus filhos.
- Outros autores referem que a imagem de Ofiúco representa Apolo a lutar contra Píton, para se apoderar do Óraculo de Delfos.  

Como curiosidade, refira-se que a constelação de Ofiúco ( ou Serpentário ) faz, hoje em dia, parte do grupo das 13 constelações modernas e oficiais por onde o Sol passa durante o ano, caminho aparente designado Eclíptica. Deveria, à partida, estar associada pela astrologia a um dos seus Signos Zodiacais.
As bases deste conjunto de superstições remontam à cultura da civilização suméria, que via representadas no céu figuras correspondentes às suas divindades. Da cultura suméria emergiu o povo babilónico, que aprofundou esta noção, criando um sistema para prever acontecimentos futuros segundo a "leitura" do que observavam no céu. Esta prática foi assimilada e desenvolvida pelos Egípcios e posteriormente pelo povo grego até surgir descrita e sistematizada na obra de Ptolomeu, publicada por volta de 168 d.C., " Tetrabiblos " - em que se baseiam todas as teorias modernas da astrologia ocidental e onde são, pela primeira vez, identificados os signos zodiacais - 12 - tal como os conhecemos hoje em dia.
Apesar da óbvia necessidade de se considerar apenas 12 signos astrológicos, visto que este sistema de crenças se baseia, não nas constelações como as observamos, mas na divisão do ano em parcelas iguais, note-se igualmente que as constelações destes povos diferiam das modernas em número, localização, aspecto e tamanho: veja-se o " Zodíaco de Dendera ", encontrado no Egipto, datado de 50 a.C. e representando uma mistura entre a cultura local, grega e babilónica, onde Ofiúco, acima da Balança e do Escorpião, se assinala com o nª 68, e compare-se as diferenças substanciais entre esta figura e a actual.
Podendo a necessidade do uso do nº 12 justificar, por si, esta situação, existe igualmente a hipótese de, na altura em que se identificaram as constelações antigas por onde o Sol passava durante o ano no seu trajecto aparente, estas totalizarem 12, tendo-se Ptolomeu limitado a reproduzir tradições decorrentes desse facto. Os astrólogos posteriores aceitaram as directrizes publicadas por Ptolomeu, desenvolvendo as suas próprias explicações, de natureza astrológica, sobre a questão.
Sendo a astrologia uma crença, cabe a quem nela acredita aceitar os dogmas em que se baseia.



Objectos celestes mais notáveis:


O Serpentário possui bastantes objectos celestes ao alcance do astrónomo amador, acessíveis a instrumentos variados, desde simples binóculos até telescópios de abertura considerável. Escolheram-se aqueles que são mais célebres ou mais facilmente observáveis com instrumentos modestos, mas optou-se por não se mencionar alguns que, apesar de possíveis de detectar com telescópios de abertura reduzida, não oferecerão observações satisfatórias. Quem pretenda estudar esta área do céu em maior detalhe deverá obter uma carta celeste da constelação com uma Magnitude limite de, pelo menos, 12.




- M 9 - um enxame estelar globular de Mag. 7.9 , observável com telescópios modestos.










 - M 10 - um enxame estelar globular de Mag. 6.4 , visível com binóculos.










- M 12 - um enxame estelar globular de Mag. 6.7 , observável com telescópios modestos.











- M 14 - um enxame estelar globular de Mag. 7.6 , observável com telescópios modestos.










- M 19 - um enxame estelar globular de Mag. 7.5 , observável com telescópios modestos.










- M 62 - um enxame estelar globular de Mag. 6.6 , visível com binóculos.










- M 107 - um enxame estelar globular de Mag. 8.1 , observável com telescópios modestos.










- NGC 6356 - um enxame estelar globular de Mag. 8.2 , observável com telescópios modestos.











- NGC 6572 - uma nebulosa planetária de Mag. 8.1 , também conhecida como Nebulosa Berlinde Azul. De reduzidas dimensões, pode ser observada com telescópios modestos ( aparência quase estelar ) e tende a apresentar tons azulados.   
 








- NGC 6633 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.6 , muito interessante de se observar com telescópios modestos e visível com binóculos. Também é conhecido pelas designações Enxame Itália ( devido às semelhanças com o formato deste país ) e De Cheseaux No 3 ( por ter sido pela primeira vez catalogado por Philippe Loys de Cheseaux (1718 – 1751), astrónomo suiço ).








- IC 4665 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.2 , muito interessante mesmo apenas com binóculos. 














- Nebulosa Cachimbo ( também faz parte do célebre catálogo de nebulosas escuras de Barnard, sob as designações parcelares Barnard 59 + B 65 + B 66 + B 67 + B 78 ) - uma nebulosa escura, visível a olho nu em céus sem poluição luminosa.
 Está assinalada no mapa publicado mais abaixo com um círculo verde.






- Complexo ρ (Ró) Ophiuchi - esta é a designação popularizada entre os astrónomos amadores para esta zona do céu, que engloba diversas nebulosas pertencentes às constelações de Ofiúco e Escorpião. Entre os objectos celestes nesta região, encontramos a nebulosa IC 4604 associada à estrela dupla ρ (Ró) Ophiuchi.
É um dos alvos predilectos para os astrónomos amadores, por conter vários objectos celestes muito interessantes, todos no mesmo local do céu ( algo bastante raro de se poder observar ) e ainda mais famoso entre os astrofotógrafos, pela beleza das imagens que se obtêm desta área. Com telescópios modestos já se conseguem observações muito compensadoras. Está assinalado no mapa abaixo com um círculo vermelho.





Trajectória da Voyager 1. Clicar na imagem para ampliar
- Como curiosidade, apesar de ser invisível mesmo aos telescópios mais potentes ( incluindo o Hubble ) um dos objectos mais longínquos fabricados pelo Homem, a sonda Voyager 1, encontra-se, ao olharmos para o céu, na constelação do Serpentário. Na imagem ao lado podemos observar a trajectória da sonda, a azul claro. Estão assinaladas, com as letras gregas correspondentes, 3 das estrelas mais brilhantes da constelação de Ofiúco ( compare-se com o mapa apresentado abaixo ).







Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:


Clicar na imagem para ampliar o mapa. Nota: a área correspondente à constelação de Ofiúco encontra-se delimitada a tracejado vermelho. A área que se encontra entre o tracejado vermelho e o tracejado verde seco, identificada textualmente em duas parcelas, " Ser Cauda " + " Ser Caput ", pertence a outra constelação independente, a constelação da Serpente.

Mapa com fundo branco 

Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.

Clicar na imagem para ampliar o mapa. Nota: a área correspondente à constelação de Ofiúco encontra-se delimitada a tracejado vermelho. A área que se encontra entre o tracejado vermelho e o tracejado verde seco, identificada textualmente em duas parcelas, " Ser Cauda " + " Ser Caput ", pertence a outra constelação independente, a constelação da Serpente.



Estrelas mais notáveis:


- α (Alfa), tem o nome próprio Rasalhague, de uma expressão árabe que refere " a cabeça do encantador de serpentes ". É uma dupla física ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ) demasiado difícil de se observar separada nas componentes individuais através de telescópios modestos, de Magnitude ( global ) 2.1 , a apenas 47 anos-luz de nós.
- β (Beta), tem o nome próprio Cebalrai, de uma expressão árabe que se refere ao " cão do pastor " - isto porque os Árabes antigos visualizavam representações celestes distintas das modernas, nesta área do céu: a estrela Alfa da constelação pertencia à figura de um pastor, enquanto a Beta fazia parte do desenho do cão do pastor. É uma gigante alaranjada de Mag. de 2.8 , a apenas 82 anos-luz de nós.
- γ (Gama), tem o nome próprio Muliphen, de uma expressão árabe que menciona um conflito, de origem obscura, entre " duas coisas " ( ou entidades). É por vezes mencionada por outro nome próprio: Al Durajah, de uma expressão árabe que se refere a uma outra figura visualizada pelos Árabes antigos nesta área do céu, um " cocheiro " ( condutor de coche ). É uma gigante branca de Mag. de 3.7, a cerca de 103 anos-luz de nós.
- δ (Delta), tem o nome próprio Yed Prior, expressão híbrida resultante da corrupção do árabe " al-yad " ( significando " a mão " )  para " Yed " e do sufixo latino " Prior ", resultando na tradução " a primeira estrela da mão " ( do encantador de serpentes ); a expressão " Prior " pretende fazer a distinção entre esta estrela e a Épsilon, que também faz parte do desenho da mão da figura, e que ostenta a denominação " Yed Posterior " ( " a estrela que vem a seguir, na mão " ). É uma gigante alaranjada de Mag. 2.7 . 
- ε (Épsilon), tem o nome próprio Yed Posterior, significando " a estrela seguinte da mão " ( do encantador de serpentes ) - para mais pormenores leia-se o texto referente à estrela Delta. É uma gigante amarela de Mag. de 3.2 , a cerca de 108 anos-luz de nós.
- ζ (Zeta), tem o nome próprio, raramente usado, Han, de origem chinesa, em referência e homenagem ao antigo estado feudal de Han. É a terceira estrela mais brilhante da constelação, uma gigante azul de Mag. 2.6 .
- η (Eta), tem o nome próprio Sabik, de uma expressão árabe que refere " aquele que precede " ou " vem primeiro " - muito provavelmente em referência à posição relativa da estrela dentro da constelação. É uma dupla física muito difícil de se observar separada nas suas componentes individuais através de telescópios amadores. Encontra-se a cerca de 84 anos-luz de nós, apresentando uma Mag. ( global ) de 2.5 .
- θ (Teta), tem o nome próprio, raramente usado, Imad, de uma expressão árabe que se refere a um " pilar " - talvez em referência a um dos pilares em que a figura de Ofiúco se apoiaria, ou a um paralelismo com conceitos religiosos. É uma múltipla física, impossível de se observar separada nas suas componentes individuais através de instrumentos ópticos, de Mag. ( global ) 3.3 . 
- κ (Capa), tem o nome próprio, raramente usado, Helkath, expressão híbrida entre o árabe e o hebraico que encerra o conceito de " campo de batalha ". É uma gigante alaranjada de Mag. 3.2 , a cerca de 86 anos-luz de nós.
- λ (Lambda), tem o nome próprio Marfik, de uma expressão árabe que se refere ao " cotovelo " ( do encantador de serpentes ). É uma dupla física, difícil de se observar separada nas suas componentes individuais com telescópios modestos, de Mag. ( global ) 3.8 .
- ν (Niú), é por vezes mencionada pelo nome próprio Sinistra, do italiano, referindo-se ao " lado esquerdo ", embora localize a mão direita de Ofiúco. É uma gigante alaranjada de Mag. 3.3 .
- ρ (Ró), é uma dupla física algo difícil de se observar separada nas suas componentes individuais através de telescópios modestos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 4.5 e está envolta numa nebulosa. Denomina uma área do céu, bastante abrangente, que é muito procurada pelos astrónomos amadores devido a possuir uma série de objectos celestes de interesse, todos no mesmo local do céu ( ao redor da Ró Ofhiuchi ).

- 36 Ophiuchi, é uma dupla física interessante, possível de se observar separada nas suas componentes individuais através de telescópios modestos, de Mag. ( global ) 4.3 . Está a apenas 18 anos-luz de nós.
- 61 Ophiuchi, é outro sistema duplo de estrelas ligadas pela gravidade, interessante de se observar com telescópios modestos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 6.0 , no limite de detecção a olho nu, em céus escuros.
- 70 Ophiuchi, é uma das estrelas duplas ( neste caso, de natureza física - as componentes estão ligadas pela gravidade ) mais célebres do céu, pela facilidade e beleza da sua observação. Apresenta uma Mag. ( global ) de 4.0 , encontrando-se a apenas 16 anos-luz de nós.
70 Ophiuchi

- X Ophiuchi, é uma estrela variável, registando alterações de brilho entre Mag. 5.9 ( visível com binóculos ) e 9.2 ( visível apenas com telescópios ), em ciclos de cerca de 329 dias. Por não ser visível, por norma, a olho nu, está assinalada no mapa acima com um ponto vermelho e identificada textualmente " X ".


Movimento relativo da Estrela de Barnard
- A Estrela de Barnard, é uma das estrelas mais próximas de nós, a apenas 6 anos-luz.
Deve o seu nome ao astrónomo americano que a descobriu, Edward Barnard, igualmente famoso por ter compilado um catálogo de nebulosas escuras, bastante popular entre os astrónomos amadores.
É uma das estrelas " errantes " do céu, pois move-se no Espaço a uma velocidade alucinante, em comparação com a média das estrelas das nossas redondezas ( move-se a 139 Km por segundo, relativamente ao Sol ).
O seu movimento relativo entre as outras estrelas visíveis no mesmo local é perceptível de ano para ano, situação muito rara - isto deve-se ao facto de se encontrar tão próxima de nós.
Apresentando uma Mag. de 9.5 , apenas se torna visível através de telescópios.
Apesar disso, é uma das estrelas mais famosas do céu, pois aproxima-se do nosso Sol a uma velocidade vertiginosa, o que levá-la-á a evoluir de magnitude até se tornar numa das estrelas mais brilhantes do céu ( e a mais próxima, a seguir ao Sol ).
Mapa de localização da Estrela de Barnard - Clicar para ampliar
Presume-se que passará relativamente próxima de nós, daqui a muitas centenas de milhar de anos, sem provocar nenhuma tragédia, provavelmente originando apenas pequenas alterações nos elos gravitacionais de alguns corpos no limite do nosso sistema solar. Prosseguirá então a sua trajectória, afastando-se progressivamente na sua viagem pela galáxia.
De referir que a Estrela de Barnard é uma anã vermelha, já bastante antiga, com apenas 20 % do diâmetro do Sol e cerca de 17 % da sua massa, pelo que tem uma " esperança de vida " muito superior à da nossa estrela.







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